Essa semana deixei de
pecar. Tornei-me finalmente santo. Aconteceu assim, de repente, logo após minha
oração matutina. Eu não esperava por isso, fui tomado de surpresa e ainda agora
procuro formas para explicar o que aconteceu. Entretanto, mesmo que eu não
consiga descrever, está totalmente claro para mim, desde aquela manhã eu não
peco mais. Não me refiro somente aos
pecados graves e notórios. Aqueles pecados palpáveis e indefensavelmente
reconhecidos até pela sociedade descomprometida com a Escritura. Eu estou livre
de todos, e especialmente daqueles que não são vistos a olho nu. Pecados intangíveis, e por essa mesma razão
intocáveis[1]
pela nossa legislação escrita e oral. Confesso, a sensação da santidade é
ótima, eu diria Indescritível até.
Vocês não podem
imaginar o que significa uma pessoa estar definitivamente livre do orgulho e da
soberba, esses pecados que pareciam estar tatuados em minha alma. Como eu
ansiava pela verdadeira humildade, aquela que uma vez praticada não gera
orgulho por praticá-la. E livre desses pecados me pude ver livre da tantos
outros. Como consequência não olho para os outros com soberba, consequentemente, não penso
mais o mal de outras pessoas, não as julgo estribado em meu entendimento e por
essa razão eu não falo mais com maldade sobre eles. A maledicência é um pecado
sorrateiro e sutil. Penetrava meus diálogos e contaminava meus comentários. Até
quando intentava o bem, as minhas palavras traziam gotas de veneno e vestígios
de maldade. Mas hoje, estou livre de tudo isso. Ninguém mais ouvirá conversação
torpe em meus lábios (Ef 4.29)
De igual forma não
carrego a inveja e o ciúme como acessórios do meu coração. Confesso que antes eu
tinha ciúme e inveja das pessoas ao meu redor. Porque não sei se você notou,
mas é contra essas pessoas que tais pecados se mostram mais insidiosos. Não
invejamos celebridades e nem temos ciúmes de pessoas distantes, nosso sentimentos
de manifestam contra aqueles com quem convivemos. Desejar às pessoas o melhor
até mais que a mim e considerá-los superiores (Fp 2.3) é um sentimento
agradabilíssimo, se soubesse disso antes teria buscado esse sentimento com mais
frequência. Despi-me, portanto, definitivamente do ciúme e a inveja, pecados
que a Bíblia compara à avareza (Rm 1.29) por se tratar de um desejo de posse e
domínio. Era assim dentro de mim, os amigos eram meus, as pessoas me
pertenciam, os sentimentos dos outros eram minhas propriedades particulares e
privativas. Hoje não é mais assim, posso
realmente dizer que cumpro a lei, amo o próximo como a mim mesmo (Gl 5.14).
E o que dizer da
ansiedade? Acreditem desde aquela manhã eu não a trago mais em meu peito e nem
ela me faz companhia nessa nova caminhada (Fp 4.6). Não estou ansioso com o que
irei comer ou me vestir (Mt 6.25,28) . A confiança plena em Deus é um
sentimento libertador, tanto que não há mais cenho franzido em preocupações
insones. Não há mais em minha vida a insegurança em relação aos sentimentos das
pessoas, ou mesmo a necessidade de saber o que estão pensando. O dia passou a
ser vivido e o imediatismo desapareceu de minhas horas. A angústia dos acontecimentos futuros ficou
no passado. Espero que um dia vocês se sintam assim.
Teria mais a dizer, mas
o espaço aqui não é suficiente. Desejava contar-lhes como fui liberto do
moralismo e do juízo temerário, da ira incontida, da vingança e da ambição.
Enfim, queria apenas que vocês soubessem com é bom viver sem pecado. E é assim
que eu vivo desde aquela bendita manhã.
Ah! Já ia me esquecendo
de lhes avisar, vocês estão lendo minha lápide. Morri logo após a oração
daquela manhã. Foi assim que fiquei definitivamente livre de meus pecados. E
agora espero vocês por lá,
Em Cristo,
[1] Tomo emprestado o termo utilizado por Jerry
Bridge em seu excelente livro Pecados Intocáveis (Editora Vida Nova).
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