05 de agosto de 2010, a notícia do desmoronamento da entrada principal da mina de San José do Capiapó, no deserto de Atacama-Chile, corre o mundo globalizado. Sem fronteiras a notícia é quase instantânea. O que não foi instantâneo foi a descoberta de sobreviventes nessa mina de extração de ouro e cobre. Aproximadamente duas semanas depois os 33 mineiros foram descobertos, estavam soterrados a quase 700 metros de profundidade e alí eles passariam quase 70 dias. A partir daí o mundo passou a acompanhar o dramático, emocionante e tecnológico resgate desses mineiros. A mesma atenção não se deu ao soterramento e morte dos mineiros no Equador ou os 37 mortos na mina de carvão na china. Afinal a vida para nós tem mais valor que a morte, embora elas guardem poucas diferenças entre si.
Após o resgate ocorrido durante o dia 13 de outubro, os mineiros correm o risco de serem soterrados novamente. E novamente sob outra mina de ouro. Analistas afirmam que a hostória do drama pessoal e familiar desses mineiros pode valer milhões em exposição de imagens e outras formas de exploração do sofrimento humano. Sob o manto da superação, tema mais que atual, eles são alvos de propostas milionárias. Ressalvado o lado bom da melhoria de vida desses homens antes anônimos, pobres e comuns, e agora celebridades no show da vida, fica aquele sentimento de consumo e de comércio, que a vida e a morte são sempre avaliadas em cifras. Livros serão escritos, nada demais, inclusive porque a história deles deve ser mais interessante que a futilidade das experiências de uma ex-BBB também feitas livro, por exemplo. Filmes estão programados, as redes de TV se digladiam para conseguir reportagens e entrevistas, logo seguirão os documentários. Notícias são dadas que os mineiros estariam constituindo um fundo comum para explorar sua própria história. Já foi noticiado também que alguns deles estariam cobrando 25 mil dólares para darem entrevistas. O próprio presidente Piñera colheu seus frutos da desgraça nacional, porém alheia. Seu índice de aprovação subiu 11 pontos com o evento. Como ensinou o famoso magnata americano John Rockfeller, “sempre procurei transformar os desastres em oportunidades”.
O que ele não ensinou é que as oportunidades também podem ser transformadas em desastres. Como no caso de Israel, cuja oportunidade do êxodo tornou-se o drama da peregrinação, ou como foi no caso de Saul que a oportunidade de ser rei se tornou um desastre pessoal, familiar e nacional . Ou ainda, como Judas, cuja oportunidade de administrar a bolsa se tornou o desastre de sua vida, o levando até às 30 malditas moedas de prata. Assim, tudo depende como lidamos com os nossos desastres e nossas oportunidades. Sem dúvida os desastres podem se tornar oportunidades e as oportunidades podem se tornar desastres, seja por não serem aproveitadas ou por terem uma má utilização. Ou como melhor ensina a Escritura:
Vi ainda debaixo do sol
que não é dos ligeiros o prêmio,
nem dos valentes, a vitória,
nem tampouco dos sábios, o pão,
nem ainda dos prudentes, a riqueza,
nem dos inteligentes, o favor;
porém tudo depende do tempo e do acaso.
Pois o homem não sabe a sua hora.
Como os peixes que se apanham com a rede traiçoeira
e como os passarinhos que se prendem com o laço,
assim se enredam também os filhos dos homens no tempo da calamidade,
quando cai de repente sobre eles.
(Ec 9:11-12).
Vi ainda debaixo do sol
que não é dos ligeiros o prêmio,
nem dos valentes, a vitória,
nem tampouco dos sábios, o pão,
nem ainda dos prudentes, a riqueza,
nem dos inteligentes, o favor;
porém tudo depende do tempo e do acaso.
Pois o homem não sabe a sua hora.
Como os peixes que se apanham com a rede traiçoeira
e como os passarinhos que se prendem com o laço,
assim se enredam também os filhos dos homens no tempo da calamidade,
quando cai de repente sobre eles.
(Ec 9:11-12).
0 comentários:
Postar um comentário