Três notícias que chegaram ao meu conhecimento nos últimos dias me convenceram que o Brasil é definitivamente o País do Futebol, assim, no sentido mais gramatical que a expressão possa ter. Em outras palavras, o que quero dizer é que não é o futebol que pertence ao Brasil, mas exatamente o contrário, o Brasil pertence ao futebol. Mas vamos às notícias.
Primeiro ouvi o pronunciamento do líder do governo, Dep. Cândido Vacarezza, propondo recesso branco na câmara federal, senão do congresso nacional, durante os dias da copa do mundo. Trata-se de uma antecipação desse recesso que normalmente ocorre em julho. O referido deputado afirmou que não seria hipócrita, e que pretendia assistir aos jogos por considerar torcer pela seleção um direito do cidadão brasileiro. Anunciando, antecipadamente, inclusive sua ausência e respectivo motivo nos dias dos jogos.
Depois, ainda saboreando o gostinho da indignação, ouvi a notícia de que semelhante proposta fora feita na câmara de vereadores de minha cidade, Goiânia. O autor, Ver. Iram Saraiva, justificou o recesso pelos mesmos motivos citados no parágrafo anterior. Naquela confusão de responsabilidades profissionais com hipocrisia e direitos com desejos. Seja como for, o resultado é o mesmo, “o país deve parar para ver a copa” sob um pretexto de patriotismo. Deu-me aquela sensação de que só eu e alguns poucos brasileiros hipócritas e antipatriotas trabalharíamos nesses dias santos da Copa do Mundo. E o pior é que eu gosto de futebol.
Estava ainda tentando assimilar essas notícias quando a internet agravou meu estado de perplexidade. Uma notícia dava conta que o Presidente da República, amante do futebol, nesse caso uma relação quase adulterina, encaminhou ao congresso um projeto de Lei que, se aprovado, indenizará os jogadores vencedores das copas do mundo com o valor de cem mil reais. Além de complementar suas aposentadorias até o teto da Previdência Social (dez salários mínimos). Esse benefício sendo estendido aos herdeiros dos jogadores que já morreram. Os absurdos da proposta são tão evidentes que nem mesmo vale argumentar. Teriam os trabalhadores do futebol campeão mais direito que os do futebol vice-campeão? Teriam os profissionais do futebol campeão que entram em campo mais direito que os profissionais do futebol que não entram (roupeiros, massagistas, etc.)? Teriam os profissionais da bola o direito de se aposentar tendo trabalhado apenas 30 dias, uma vez vencido o certame e recebido um milhão de Reais (Prêmio oferecido pela CBF para a copa de 2010), sem ter contribuído com a Previdência Social? E que dizer dos demais esportistas? Medalhistas olímpicos e demais esportes campeões, como por exemplo, o vôlei? E ainda mais, o que dizer de mim e de você que contribuímos 35 anos para a previdência, e vemos o nosso salário saqueado pela “derrama” do governo? Impostos esses que não recaem sobre a renda (receita financeira de jogadores) e sim sobre os salários dos trabalhadores que não poderão faltar ao trabalho para assistir aos jogos.
Não vale a pena tentar argumentar. Resta nos convencer que Bertolt Brecht estava correto ao afirmar que “Miserável país aquele que não tem heróis. Miserável país aquele que precisa de heróis”. Antes, mais correto ainda esta a Bíblia ao afirmar que “Melhor é o jovem pobre e sábio do que o rei velho e insensato que já não se deixa admoestar”. (Ec. 4.13).
Em tempo: Boa copa a todos (sem ironias!).
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1 comentários:
é irrelevante a atual situação das populaçoes e tambem suas miserias quando se trata do Brasil e de seu futebol!Afinal o mundo esta perfeitamente bem e sem nenhum problema a ser resolvido ou controlado!Os policiais beberao com os traficantes assistindo aos jogos!Os alunos ganharao dias de folga da escola!e etc.Enfim são mais ou menos 18 bilhoes investidos para que sentemos em frente a tv pra ver o jogo,certamente este valor mais que triplicara..ao fim da copa!
Por baixo de toda hipocrisia nos resta torce pelo Brasil...e ai dele se nao vencer a copa...certamente o brasil estara arrombado e arrasado com ou sem vitoria!
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