Duas perguntas apenas, semelhantes em suas formulações, diferentes em seus significados. Embora, parecidas, elas não unem, não aproximam, não igualam as pessoas. Na realidade elas separam, distanciam e distinguem-nos uns dos outros. De um lado estão os que tomam para si a responsabilidade de conduzirem suas vidas, que resolveram correr riscos e ”fazer a vida” acontecer. Do outro lado, estão os que aguardam, esperam e passivamente deixam acontecer. De um lado estão aqueles que soberbamente vem a vida sob seu domínio e controle, do outro lado estão aqueles que se orgulham de sua humildade, prontos a viver o que vier ou lhe for oferecido. O curioso é que um olha para o outro com a mesma pena e o mesmo desprezo.
Para um, a vida é nadar contra a corrente, enfrentar desafios e jamais desistir. Para o outro a vida é deixar a corrente nos levar e aprender a ser feliz em toda e qualquer situação. Um é exaltado por sua coragem e valentia, outro por seu desprendimento. Um é caracterizado pela perseverança, outro por sua resiliência. Um é exemplo de luta, o outro é exemplo de paciência. Um é admirado por sua tenacidade, outro é admirado por sua disposição. Um supõe ter construido a sua vida, e outro crê que a sua vida é do jeito que Deus quis. Um confia em si mesmo, embora atribua ser Deus a sua força para reagir as circunstâncias. O outro, também confia em si mesmo, embora atribua a Deus sua força para aceitar as circunstâncias. Um se enche de esperança de que sua vida será diferente se ele não esmorecer. O outro se enche de esperança de que sua vida será diferente se ele aprender a viver com o que lhe faz sofrer. Qual dos dois então, estaria certo?
O pior ou o melhor, não sei, é que os dois moram em mim. Sem querer ser o dono da verdade, eu penso que os dois estão certos. E, consequentemente os dois estão errados. Afinal, o que é a nossa vida? A vida é o que nós fizemos dela. E o que sou eu? Eu sou o que a vida fez de mim. Não penso que uma atitude anteceda a outra. Não acredito que uma tenha maior responsabilidade que a outra, apenas co-existem, cooperam e se complementam. Para falar teologicamente, Deus dirige a nossa vida para fazer de nós o que somos, e ele nos dirige para fazermos de nossa vida o que ela é. Ele controla circunstâncias que não podemos conhecer, e ele nos controla de maneira que podemos reagir às nossas circunstâncias. Talvez seja essa concepção que esteja por trás da afirmação de Tiago, “… devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo” (Tg 4.15). A compreensão desses fatos deveria nos levar à humildade de reconhecer que nada será feito se o Senhor não o quiser, mas também deveria nos livrar da falsa modéstia, certos de que nada será feito se eu também não o fizer.
Mas, enfim pergunto a mim mesmo, o que eu estou fazendo de minha vida? E novamente me pergunto, o que a vida está fazendo de mim?
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3 comentários:
Ainda que eu questione o que faço e o que a vida faz de mim, e ainda que eu creia fortemente na soberania de Deus, coberta de vaidades está a minha vida e tento constantemente me desfazer delas, e oro para que Ele cesse meus pés de correr atrás do vento!
Excelente reflexão!
Um paradoxo que se completa.
II Tm 1.3
Abs
Pastor Jôer, a vida é mesmo complexa. As vezes ela trama conosco e ás vezes nós tramamos com ela. As indagativas deste texto nos faz refletir. Contudo, o que penso é que de uma forma ou de outra, em qualquer circunstância apontada no texto, aprendemos um pouco no processo vivencial. Me consola saber que se há vida fora de Deus é por Jesus e assim me sinto melhor.
Mas, na realidade, no chão do dia a dia, essas indagações sempre nos acompanham.
Abraços, Jair c. faria.
PS. preciso do seu celular para contato. jaircassio@bol.com.br
Meu blog. http://metatextus-jcf.blogspot.com/
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