Amarei o Senhor de todo o meu inconstante coração. Embora o meu coração seja enganoso (Jr 17.9), e sua imaginação seja má (Gn 8.21) e no íntimo seja soberbo (Sl 10.6), ainda assim o amarei com esse coração. É provável que ao oferecê-lo ao Senhor ele esteja cheio de inveja como os corações dos irmãos de José (Gn 31.11) ou quem sabe endurecido como o coração do povo de Deus em Massa e Meribá (Sl 95.8), ou ainda seja tímido ou covarde como o coração desse mesmo povo (Dt 20.8), mas mesmo assim eu o amarei com esse coração. Amarei ao Senhor, contudo o farei com o coração dividido, porque contra a minha vontade ele faz a minha vontade. Por isso, se divide, me forçando a amar o Senhor com alegria (Sl 4.7) e tristeza (Sl 13.2), desfalecido, porque meu coração é como cera, derrete-se dentro de mim (Sl 22.14), mas com confiança, porque meu coração às vezes não se atemoriza (Sl 27.3). Às vezes ele está ansioso e angustiado (Sl 25.7) outras vezes ele está fortalecido (Sl 27.14); em uns dias ele salta de prazer (Sl 28.7), outros dias ele desfalece (Sl 40.12); Há momentos em que ele está quebrantado (Sl 34.18), e outros nos quais ele é rebelde (Jr 5.23). Amarei ao Senhor de todo esse coração, porque esse é o coração que tenho.
Amarei o Senhor de toda a minha frágil alma, seja o que alma possa significar. Bem sei que minha alma está freqüentemente perturbada (Sl 6.3), desfalecida (Sl 119.81) e abatida (Sl 42.5). Constantemente vendida á vaidade (Sl 24.4). Ela sabe que seus desejos a conduzirão à impiedade (Sl 10.3). Ela se abala com as angústias e aflições (Sl 88.3) e muitas vezes está apegada ao pó (Sl 119.25). Preciso adverti-la constantemente para que ela não se esqueça de nenhum só dos benefícios do Senhor (Sl 103.2), pois do contrário já teria esquecido o Senhor que pretendo amar. Mesmo que ela esteja tomada pela tristeza (Sl 119.28), ainda assim com ela amarei ao Senhor. Amarei porque é nele que ela espera (Sl 33.20); é por ele que ela suspira e nele ela mata a sua sede (Sl 42.1,2). Por isso com a alma quebrantada e aguardando o dia em que ela se gloriará e alegrará no Senhor (Sl 34.2, 35.9), amarei ao Senhor com toda a minha frágil alma quebrantada (Sl 119.20). Porque essa é a alma que tenho.
Amarei o Senhor de toda minha débil força. Embora saiba que em mim mesmo não a tenho. Eu sei que é ele quem me cinge de força (Sl 18.32) e que a força que alenta minha alma vem do Senhor (Sl 138.3). Irônica condição essa que me acompanha. Ela me limita e me faz ao mesmo tempo superar meus limites, ela me humilha e me exalta. Como Paulo, quando estou fraco então sou forte, por conseguinte, quando me penso forte então estou demasiadamente fraco (2Co 12.10). É assim, a minha força constantemente descai (Sl 31.10) e não poucas vezes seca (Sl 22.15). É com essa força, com toda ela, embora toda ela seja nada, que amarei ao Senhor. O farei porque o Senhor é a força da minha vida (Sl 27.1).
Amarei o Senhor, também, de todo o meu pouco entendimento. Talvez devesse dizer nenhum, tendo em vista que minha vida é uma repetição de atos desprovidos de entendimento. Às vezes me vejo como um homem sem entendimento (Sl 14.2), outras vezes arrogantemente me estribo no entendimento que imagino ter (Pv 3.5). Mal percebo que o meu entendimento pode se corromper (1 Tm 6.5), ou até mesmo se contaminar (Tt 1.15) é por esta razão que talvez eu seja contado entre aqueles que tem zelo sem entendimento (1 Tm 6.5) ou não passe de um menino no entendimento (1 Co 14.20). Mas é esse entendimento que tenho e com ele amarei ao Senhor.
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1 comentários:
Sempre um privilégio ler suas palavras sábias. Sempre bom saber que como o meu outros corações são frágeis, pecadores, entristecidos algumas vezes e outras vezes, felizes.
Apesar de mim, amarei ao Senhor.
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